OVNIS ONTEM , NA BUSCA DA VERDADE

Bem-vindo a Ceres, o planeta anão




POR SALVADOR NOGUEIRA
21/01/15 05:53

O ano de 2015 promete ser um dos mais memoráveis da era espacial, e a aventura começa agora, com a exploração de um mundo jamais visitado antes por qualquer espaçonave. A sonda Dawn, da Nasa, está em fase de aproximação final para entrar em órbita ao redor de Ceres, o planeta anão, e começou a enviar imagens de seu alvo.

As fotografias que chegam já têm resolução similar (ligeiramente inferiores) às que podem ser obtidas com o Telescópio Espacial Hubble e dão uma noção do máximo que conseguimos enxergar deste pequeno mundo até o momento.

Ceres é o maior dos objetos no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter. Com apenas 950 km de diâmetro, ele é aproximadamente esférico, o que motivou a União Astronômica Internacional a reclassificá-lo em 2006 como planeta anão (assim como Plutão, que também será visitado pela primeira vez por uma espaçonave neste ano).

A essa altura, a Dawn está a cerca de 380 mil quilômetros de seu destino — aproximadamente a mesma distância que separa a Terra da Lua. Apesar da proximidade, as imagens não são muito reveladoras. Um olhar atento mostra algumas marcas mais escuras que lembram crateras, e um misterioso ponto claro no hemisfério Norte. Os mesmos traços já eram visíveis na melhor imagem de Ceres até hoje, obtida pelo Hubble em 2004. Mas logo esses traços deixarão de ser pixels borrados e se tornarão um lugar — um mundo inteiro, até hoje inexplorado.


A melhor imagem que temos hoje de Ceres, feita pelo Hubble em 2004 (Crédito: Nasa/ESA)

Uma das descobertas mais interessantes feitas sobre Ceres aconteceu no ano passado, quando astrônomos europeus usando o satélite Herschel detectaram plumas de vapor d’água emanando do planeta anão. Isso significa que, diferentemente do segundo maior asteroide do cinturão (Vesta), Ceres deve ter grandes quantidades de gelo.

O ALVORECER
A missão Dawn nunca teve tanto destaque, mas trata-se de um dos projetos não-tripulados mais interessantes da Nasa. A espaçonave está prestes a se tornar a primeira a orbitar dois objetos celestes no espaço profundo, e isso só é possível graças aos sofisticados motores iônicos que equipam a sonda.

Graças a eles, a espaçonave pode acelerar, ainda que devagarinho, por longos períodos de tempo. É o que dá a ela autonomia para visitar um objeto, entrar em órbita dele, e depois escapar dele e mudar sua trajetória para visitar um segundo. Entre 2011 e 2012, a Dawn orbitou Vesta, fazendo um mapeamento completo de sua superfície. Mas Ceres promete ser muito mais interessante.

O fato de que existe gelo em grande quantidade lá — e há quem diga até que podem existir lagos ou oceanos sob a crosta — é extremamente importante. Ceres seria um ótimo lugar para o estabelecimento de um posto avançado humano no Sistema Solar exterior (o reino dos planetas gigantes gasosos, além da órbita de Marte).

Pense comigo: com água em abundância, além de tê-la prontinha para consumo humano, você pode criar oxigênio molecular para respiração e hidrogênio molecular para combustível. A baixa gravidade torna a partida e a chegada de espaçonaves um problema trivial. E fica a meio caminho de Júpiter, o primeiro dos planetas gigantes.

Claro, não é coisa para já. Mas quem aí está com pressa? Talvez a Nasa resolva fazer algo assim no século 22. Por ora, o foco principal é aprendermos tudo que pudermos sobre Ceres. E, convenhamos, até agora, sabemos muito pouco.

Essa é a empolgação de 2015. Estamos explorando território desconhecido. Quase uma versão século 21 das Grandes Navegações. O que antes era rotulado meramente como “aqui há dragões” nos mapas será conhecido em detalhes a partir de 6 de março, quando a Dawn entrar em órbita de Ceres. E algo muito parecido vai acontecer novamente em julho, quando a sonda New Horizons, também da Nasa, passará por Plutão.

A imaginação dará lugar aos fatos. E certamente eles hão de nos surpreender. Que descobertas incríveis virão por aí? Será que Ceres tem mesmo oceanos subterrâneos? Poderia abrigar vida? Em breve, saberemos. É um daqueles momentos arrepiantes da exploração espacial, com o mesmo sabor da passagem da Voyager 2 por Urano (1986) e Netuno (1989). Fique ligado: 2015 é o ano dos planetas anões.

FONTE: http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/

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