Projeto conceitual da JPCam. [Imagem: Fernando Santoro/J-PAS]
Câmeras astronômicas
Nos próximos meses, o Observatório Astronômico de Javalambre (OAJ), na região de Aragão, na Espanha, iniciará um mapeamento do Universo observável a partir do hemisfério Norte durante quatro anos, com o objetivo de produzir um mapa tridimensional com centenas de milhões de galáxias, compreendendo um quinto de todo o céu do planeta.
Para isso, serão utilizados dois telescópios com grande campo de visão, sendo um menor - com espelho de 80 centímetros de diâmetro e uma câmera de 85 megapixels (milhões de pixels) acoplada - e um telescópio principal, com espelho de 2,5 metros de diâmetro, equipado com uma câmera de 1,2 gigapixel (bilhão de pixels), com capacidade de produzir imagens em 59 cores de cada estrela, galáxia, quasar, supernova e objeto do sistema solar observado.
Batizada de JPCam, a câmera óptica de 1,2 gigapixel será a segunda maior no mundo para uso em astronomia.
E uma grande equipe de pesquisadores brasileiros está diretamente envolvida no projeto e construção da JPCam.
Subsistema contendo os sensores CCD de captura das imagens. [Imagem: e2v]
JPCam
Tanto a JPCam como a câmera de 85 megapixels estão sendo construídas com a participação de pesquisadores brasileiros no âmbito do projeto "O Universo em 3D: astrofísica com grandes levantamentos de galáxias", apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
O observatório e os telescópios foram financiados pelo governo da Espanha, e o Brasil se responsabilizou pela construção das câmeras.
Os pesquisadores brasileiros são responsáveis pela parte mecânica da câmera, incluindo um dispositivo que controlará a entrada de luz e as bandejas de filtros de imagem de 14 detectores. O subsistema óptico do instrumento será construído por uma empresa inglesa contratada pela colaboração astronômica, que tem a participação de universidades e instituições de pesquisa do Brasil e da Espanha.
"A JPCam possibilitará produzir imagens em 59 cores de quase cada pixel do céu observado, o que é algo absolutamente novo", explica Laerte Sodré Júnior, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP) e coordenador do projeto.
"Existem instrumentos astronômicos que fazem isso, mas em uma região minúscula do céu e não com a quantidade de filtros de imagem que a JPCam terá. Com isso, será possível abrir uma nova janela na Astronomia", disse Sodré.
Sistema para inserção dos filtros sobre os sensores, para captura de diversos comprimentos de onda. [Imagem: K.Taylor et al. (2013)]
Cerro Tololo
Outro grupo de pesquisadores do IAG-USP, em colaboração com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Observatório Nacional (ON) e o Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), está desenvolvendo outra câmera de 85 megapixels que será acoplada a um novo telescópio, com espelho de 87 centímetros de diâmetro, que está sendo instalado no Observatório Internacional de Cerro Tololo, no Chile.
O telescópio de Cerro Tololo mapeará durante três a quatro anos o Universo observável no hemisfério Sul e completará as observações realizadas pelo telescópio menor do Observatório Astronômico de Javalambre.
Com isso, será possível observar mais um sétimo de todo o céu, cobrindo toda a região visível do espectro eletromagnético.
Maiores câmeras de telescópios
A maior câmera astronômica em operação tem 1,4 gigapixel e está instalada no telescópio Pan-STARRS (Panoramic Survey Telescope and Rapid Response System), da Universidade do Havaí.
Há uma câmera ainda maior em construção, com capacidade de 3,2 gigapixels, que será utilizada no LSST (Large Synoptic Survey Telescope), mas com previsão para entrar em operação em 2022, no Chile.
FONTE: SITE INOVAÇÃO TECNOLOGICA
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