‘Eu não vejo por que eles não serem tratados como amigos’, diz Geoff Hinton sobre as máquinas - jim - Fotolia
Algoritmos que estão sendo desenvolvidos pelo Google podem dar às máquinas, num futuro próximo, capacidades semelhantes às dos humanos. Geoff Hinton, contratado pela companhia há dois anos para desenvolver sistemas operacionais inteligentes, afirma que dentro de uma década elas serão capazes de fazer raciocínios lógicos e manter conversações naturais.
— Basicamente, elas terão bom senso — disse Hinton, em entrevista ao jornal britânico “Guardian”.
O novo algoritmo pretende traduzir pensamentos em sequências de números, algo descrito por Hinton como “vetores de pensamento”. O trabalho ainda está em estágios iniciais, mas, segundo o pesquisador, o caminho é plausível para transformar os softwares atuais em versões sofisticadas capazes de agir e interagir como humanos. Apesar do otimismo de Hinton, a abordagem é controversa.
— Muitas pessoas vão argumentar contra a ideia, dirão que não é possível capturar um pensamento dessa forma — disse o pesquisador. — Mas não existe razão para não. Eu penso que é possível capturar um pensamento por um vetor.
Segundo Hinton, o “vetor de pensamento” será capaz de romper duas grandes barreiras no campo da inteligência artificial: alcançar a linguagem natural, para conversas, e a habilidade de usar a lógica. Com isso, diz o pesquisador, as pessoas poderão, num futuro próximo, conversar com seus computadores. Não apenas para o trabalho, mas também por diversão.
— Não é forçar a barra. Eu não vejo por que eles não serem tratados como amigos. Não vejo por que você não deveria crescer muito ligado a eles — afirmou Hinton.
Nos últimos anos, cientistas fizeram progressos significativos em direção ao futuro vislumbrado por Hinton. A motivação inicial para a criação dos “vetores de pensamento” foi melhorar o software de tradução Google Translate, que atualmente usa dicionários para traduzir palavras individuais e textos já traduzidos para encontrar contextos. Os vetores representariam uma melhoria nesse sistema, extraindo algo muito próximo ao significado real.
O sistema funciona atribuindo para cada palavra uma sequência de números, ou vetor, que o localiza dentro de um universo de significados. Um sentença pode ser vista como uma junção dessas palavras, ou dessas sequências numéricas. O pensamento serve como uma ponte entre as línguas, porque os termos são diferentes para cada idioma, mas a lógica, não.
Inicialmente, as traduções vão gerar resultados sem sentido, não muito diferente do que existe hoje, mas o sistema será refinado com o uso, ajustando os vetores das palavras até que o universo de significados capture exatamente a forma como os termos são usados pelos humanos, construindo um mapa dos significados.
— Se você pega o vetor para Paris, subtrai o vetor para França e adiciona o de Itália, você tem Roma — exemplifica Hinton.
Alguns aspectos da comunicação serão mais difíceis de serem captados, como a ironia.
— Primeiro você precisa compreender o literal, a ironia será difícil de alcançar — disse o cientista. — Porém, os americanos também não captam a ironia. Os computadores vão alcançar primeiro o nível dos americanos, antes de chegar aos britânicos.
O futuro da inteligência artificial é assunto bastante polêmico entre a comunidade científica. Muitos nomes de peso, como Elon Musk, Bill Gates e Stephen Hawking, declararam temores sobre a criação de máquinas que possam superar a humanidade. Para Hinton, essa não é a principal preocupação.
— Eu estou mais assustado com as coisas que já aconteceram. A NSA está fuçando tudo que todo mundo faz — disse Hinton. — Eu estou mais assustado é que ao melhorar a tecnologia, você ajuda a NSA a fazer ainda mais mau usos dela. Eu fico mais preocupado com isso do que com um robô assassino autônomo.
FONTE: O GLOBO
Algoritmos que estão sendo desenvolvidos pelo Google podem dar às máquinas, num futuro próximo, capacidades semelhantes às dos humanos. Geoff Hinton, contratado pela companhia há dois anos para desenvolver sistemas operacionais inteligentes, afirma que dentro de uma década elas serão capazes de fazer raciocínios lógicos e manter conversações naturais.
— Basicamente, elas terão bom senso — disse Hinton, em entrevista ao jornal britânico “Guardian”.
O novo algoritmo pretende traduzir pensamentos em sequências de números, algo descrito por Hinton como “vetores de pensamento”. O trabalho ainda está em estágios iniciais, mas, segundo o pesquisador, o caminho é plausível para transformar os softwares atuais em versões sofisticadas capazes de agir e interagir como humanos. Apesar do otimismo de Hinton, a abordagem é controversa.
— Muitas pessoas vão argumentar contra a ideia, dirão que não é possível capturar um pensamento dessa forma — disse o pesquisador. — Mas não existe razão para não. Eu penso que é possível capturar um pensamento por um vetor.
Segundo Hinton, o “vetor de pensamento” será capaz de romper duas grandes barreiras no campo da inteligência artificial: alcançar a linguagem natural, para conversas, e a habilidade de usar a lógica. Com isso, diz o pesquisador, as pessoas poderão, num futuro próximo, conversar com seus computadores. Não apenas para o trabalho, mas também por diversão.
— Não é forçar a barra. Eu não vejo por que eles não serem tratados como amigos. Não vejo por que você não deveria crescer muito ligado a eles — afirmou Hinton.
Nos últimos anos, cientistas fizeram progressos significativos em direção ao futuro vislumbrado por Hinton. A motivação inicial para a criação dos “vetores de pensamento” foi melhorar o software de tradução Google Translate, que atualmente usa dicionários para traduzir palavras individuais e textos já traduzidos para encontrar contextos. Os vetores representariam uma melhoria nesse sistema, extraindo algo muito próximo ao significado real.
O sistema funciona atribuindo para cada palavra uma sequência de números, ou vetor, que o localiza dentro de um universo de significados. Um sentença pode ser vista como uma junção dessas palavras, ou dessas sequências numéricas. O pensamento serve como uma ponte entre as línguas, porque os termos são diferentes para cada idioma, mas a lógica, não.
Inicialmente, as traduções vão gerar resultados sem sentido, não muito diferente do que existe hoje, mas o sistema será refinado com o uso, ajustando os vetores das palavras até que o universo de significados capture exatamente a forma como os termos são usados pelos humanos, construindo um mapa dos significados.
— Se você pega o vetor para Paris, subtrai o vetor para França e adiciona o de Itália, você tem Roma — exemplifica Hinton.
Alguns aspectos da comunicação serão mais difíceis de serem captados, como a ironia.
— Primeiro você precisa compreender o literal, a ironia será difícil de alcançar — disse o cientista. — Porém, os americanos também não captam a ironia. Os computadores vão alcançar primeiro o nível dos americanos, antes de chegar aos britânicos.
O futuro da inteligência artificial é assunto bastante polêmico entre a comunidade científica. Muitos nomes de peso, como Elon Musk, Bill Gates e Stephen Hawking, declararam temores sobre a criação de máquinas que possam superar a humanidade. Para Hinton, essa não é a principal preocupação.
— Eu estou mais assustado com as coisas que já aconteceram. A NSA está fuçando tudo que todo mundo faz — disse Hinton. — Eu estou mais assustado é que ao melhorar a tecnologia, você ajuda a NSA a fazer ainda mais mau usos dela. Eu fico mais preocupado com isso do que com um robô assassino autônomo.
FONTE: O GLOBO
Nenhum comentário :
Postar um comentário